terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Running up that Hill


Achei que o ano ia acabar e que eu não teria tempo para falar da Kate Bush. Mas deu!
Desde ontem estou com "Running up that hill" na cabeça e corri aqui pra dividir com vocês!

Considero Kate Bush uma das artistas mais talentosas e menos compreendidas (e menos escutadas) da música. Se você só conhece "Wuthering Heights" e a música que mamãe escolheu pra ser meu nomezinho tá na hora de ampliar essa visão, né!

Ela surgiu no fim da década de 1970 e teve a carreira impulsionada por ninguém menos que David Gilmour do Pink Floyd. Seus álbuns passeiam por diferentes sonoridades e Kate deve muito ao rock progressivo e à música mais experimental e vanguardista - por isso mesmo você deve encontrar por aí o termo art rock associado à obra dela.

Não entendeu porquê? Ouça "This Woman's work" de 1989 (também gravada pelo Maxwell) e veja se ela é capaz de te tocar. Ou ainda "Pi" e a linda "Aerial", ambas do álbum homônimo (e duplo! e ótimo!), lançado em 2005 e me diz o que você acha. Repare nesta última. Atente para os barulhos da manhã enquanto ela se pergunta "what kind of language is this?". Os barulhinhos de pássaros... pássaros? hmmm.... se eu disser que é a própria Kate Bush fazendo você acredita?

Você pode pensar que essa é uma Kate bem mais recente e madura, mas a Kate Bush de 20 anos antes já anunciava tudo isso no excelente álbum Hounds of love. Músicas como "Cloudbusting", são pra mim um ótimo exemplo do que ela é capaz de fazer. Mas é de outra faixa que quero falar.

Considero "Running up that hill" uma de suas melhores músicas.
A letra é incrível e toca num tema já explorado por Kate em outros momentos de sua carreira: as diferenças entre gêneros.
Com o subtítulo de "A Deal with God", propõe a troca de experiências entre um homem e uma mulher. A cantora uma vez explicou sua ideia por trás da composição afirmando que se um um homem e uma mulher pudessem estar no lugar um do outro ficariam realmente surpresos - e talvez isso levasse a uma maior compreensão entre ambos.
Segundo a cantora, essa troca só seria possível a partir de um pacto. Um pacto com o... diabo.
"Eu pensei: por que não um pacto com Deus? Isto é, em certo sentido, é tão mais forte a ideia de pedir a Deus para fazer um pacto com você. Você vê... pra mim essa canção ainda é 'A Deal with God', pois esse era o título que queria dar", afirmou Kate.

No vídeo para esse single, Kate também apostou num lance mais artístico e se voltou para a dança contemporânea. O resultado foi uma bela performance que trabalha essencialmente com a sugestão da troca de experiências de que trata a letra:




De 1985 pra cá, essa faixa foi regravada e assimilada por diferentes artistas, de estilos muito diferentes. Uma rápida fuçada na internet e você vai encontrar versões trance, house, emo e sei-lá-mais-o-quê.
De todos os covers feitos dessa canção, considero a versão do Placebo a mais foda. Foi lançada em 2003 como b-side ou bônus, não sei bem. Parece que eles relançaram a faixa lá pra 2007, mas eu confesso que já tinha desistido do Brian Molko nessa época haha!
Em tempo: há uma influência direta (e assumida) de "Running up that hill" na música "Speed of Sound" do Coldplay (eu também já desisti do Chris Martin, mas se você gosta dessa fase da banda, ouve lá e compara!)

Sobre remixes e versões, os únicos dignos de nota pra mim são dois não oficiais.
O do Ashley Beedle na verdade é um edit lançado em 2007. A versão da dupla Datassette você pode conseguir pelo site deles mesmo (aqui ó). O destaque mesmo vai pra versão 12''. A versão original de Hounds of Love é a com o subtítulo entre parêntesis. Vale também ouvir a instrumental. Linda!





Espero que gostem!
Ano que vem tem mais!

beijos da Baboo


Um comentário:

quer procurar no fundo do baú?